Este é um trabalho que surge da exploração da ambiguidade da palavra “leito” no sentido do corpo do rio e “leito” no sentido do conjunto de objetos da cama. Nele, utilizo elementos de madeira e tecido para explorar a visualidade da cama e do rio.

A expectativa foi produzir uma escultura que propusesse uma simulação de experiência relacionada à fruição de uma paisagem, de um sujeito à margem do rio, reconhecendo a água como elemento transitório.

Dedicado para aquilo que passa, para aqueles que morrem.

João Bobo é um objeto que guarda proporção com o corpo. O objeto foi torneado em madeira com a intenção de gerar a silhueta de um rosto em perfil, do nariz para baixo, revelando o contorno do espaço entre dois rostos aproximados.

Essa imagem produz uma ilusão com faces de indivíduos encarando-se como se estivessem em um flerte. O objeto, a partir do movimento pendular, evoca a ação de um beijo. Movimento que destaca a relação entre o objeto e o brinquedo.

Jogo de Cama foi o trabalho em que procurei explorar aspectos de uma cama amarrotada. Nele, faço a combinação de seis peças macias revestidas de um tecido pregueado a fim de pensar sobre as relações.

O título carrega uma leitura para além da materialidade dos lençóis, convocando uma possibilidade de ação: reposicionar essas peças entre si durante a montagem, tais como os corpos que se aconchegam na cama, ocasionando diferentes formas de expô-las.

Ao considerar os vínculos entre pessoas, classificando-os pela maneira como suas relações são construídas e como influenciam suas vidas, inicio a exploração desses elementos a partir de uma situação provocada em ateliê, inicialmente conectando alfinetes de painel e laços de lingerie, correlacionando-os a conceitos de masculinidade e feminilidade.

Nesse trabalho, expandi os objetos que estava explorando buscando intensificar sua relação com o corpo. Trazendo-os para a escala das mãos, favoreço a sua manipulação a fim de possibilitar a união desses pares de elementos através do atravessamento, compartilhamento ou proximidade.

O objeto foi construído a partir da dimensão da cabeceira de uma cama de casal. As abordagens materiais e formais elaboradas para o trabalho me ajudam a organizar um discurso sobre as relações, ao utilizar a materialidade do privado sobre o objeto de ordem pública

A partir do trabalho, me ocorre um pensamento como se o íntimo pudesse brotar através da fachada, revelando as relações conjugais que se colocam por uma face que quer acobertar o que há por trás das aparências.